Tinha 15 anos quando vivi o verão da minha vida. Joaquina ficava lotada nos campeonatos de surfe, ônibus também, eu tinha um shortinho de estampa de frutas, e só usava ele, melhores amigas estavam sempre reunidas, e, além das festas do Café Cancun, tinha o iogurte com melado da Praia Mole e a bolacha de aveia e mel, que salvava a fome no trânsito de volta da praia. Aquele verão deixou em mim, além da lembrança do cheiro de bronzeador Cenoura e Bronze fator 2, a marquinha do primeiro biquíni de lacinho – vermelho – e do olhar do primeiro menino que gostei – que olhou, não pra mim, mas tudo bem.
Tive um inverno de praticamente 20 anos desde então. Em janeiro daquele ano meu irmão mais velho se formou em Medicina pela UFSC, fui atleta destaque do vôlei, vice miss biquíni Reef Brazil, minhas amizades estavam 100% e a vida tinha encontrado um ajuste com a natureza e Deus – então 1998 tinha tudo para ser o ano. Nada de tão dramático aconteceu, mas a soma de pequenas coisas trouxeram para minha vida uma tensão.