Estúdio da Onça

O Estúdio da onça reúne entrevistas, podcast, reportagens e participações especiais de Vanessa Tobias, compartilhando seus conhecimentos, mostrando sua trajetória e legado.

Estratégia: desafios e práticas

post 2

“Trabalho com estratégia empresarial há mais de 10 anos, e toda vez que tento definir o que é Estratégia em uma ou duas sentenças, acabo ficando com a sensação que não fui suficiente”, Vinicius Castro – facilitador do Programa de Planejamento e Implementação da Estratégia, Vanessa Tobias Coaching.  

Estratégia é um desses termos que são supercomplexos de se definir. Todo mundo tem uma ideia mais ou menos clara sobre o que se refere, mas tentar exprimir essa ideia em uma definição sempre me pareceu reduzir o conceito.

Podemos entender estratégia através de diferentes abordagens, por exemplo, como um conjunto de ações que empregamos para atingir um determinado objetivo. Neste sentido, um plano estratégico é um conjunto de ações que planejamos executar. Essa definição é evidentemente bastante reducionista.

Sun Tzu, que é talvez o primeiro autor de estratégia de que se tem registro, propõe que a vitória (o alcance de nosso objetivo) acontecerá a partir das decisões tomadas pelo general (o executivo), sendo a estratégia, portanto, algo fluido como a água.

Além das decisões, Sun Tzu, em uma de suas frases mais célebres, chama atenção para a importância da informação na formulação da estratégia: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas”.

Já temos aí quatro elementos para compor o nosso conceito: o objetivo, a ação, a decisão e a informação. Se queremos alcançar um determinado resultado, a nossa estratégia será formulada com base nas informações que dispomos, nas decisões que tomamos e nas ações que executamos.

Essa definição é bastante abrangente – o que pode ser conveniente quando se deseja definir algo tão complexo quanto Estratégia. Mas eis aí um problema, essa abrangência pode limitar a compreensão da profundidade que o conceito pode chegar.

Três perguntas rapidamente ilustrarão o argumento:

  1. Quais são as informações necessárias para formulação da estratégia?
  2. Quais são os pontos de decisão que devemos considerar?
  3. Se as decisões devem ser mutáveis, como podemos garantir disciplina na execução das ações planejadas?

Os desafios do planejamento e implementação da estratégia

Cada uma dessas questões abre-se em uma infinidade de tópicos que podem se estender por muito tempo na pauta dos gestores, e, na busca de algumas respostas, o Estrategista irá interagir com todas as áreas da organização (como marketing, gestão de pessoas, operações e finanças, por exemplo) e rapidamente perceberá que sua autonomia para tomada de decisão estará limitada pelas decisões que são de responsabilidade de cada uma das partes.

Esse está certamente entre os maiores desafios da atuação de um estrategista: conversar com cada parte da organização para que todos caminhem na mesma direção. Quantas vezes nos deparamos com empresas completamente desconexas, com o marketing vendendo um produto e a engenharia produzindo outro?! – se você for cliente de uma companhia de telefonia móvel, você certamente irá me entender. Assim, o general é antes de tudo um negociador, que deve ser capaz de evangelizar cada parte da empresa para focar em um único propósito.

Outro grande desafio daquele que formula a estratégia é lidar com uma gama diversa de assuntos e com amplo volume de informações. Analisar e utilizar a informação certa na hora certa é o que fará a diferença para uma tomada de decisão melhor.

E por fim, um último desafio que vale mencionar, consiste na capacidade de estar atento às mudanças do cenário e, de forma desapegada, mudar a estratégia. Note que há duas facetas importantes deste último ponto: uma diz respeito à leitura subjetiva do mercado para interpretar quais tendências podem ser tornar a corrente dominante no médio e longo prazo, e a outra diz respeito à capacidade de agir diante dessas mudanças. Não enxergar e subestimar tendências – especialmente as que são dirigidas por mudanças tecnológicas – ou estar apegado demais à própria estratégia são os fatores que levaram gigantes que dominaram mercados inteiros a desaparecerem em questões de poucos anos – que o diga Olivetti, Kodak e Blockbuster.

E o que poderia fazer o gestor que deseja superar esses desafios?

Nos últimos anos a gestão da estratégia tem sofrido importantes mudanças de paradigma, decorrentes principalmente da aplicação de ferramentas do Design Thinking, e de estudos associados à execução da estratégia.

Ferramentas como Business Model Canvas têm sido importantes instrumentos para moderação de discussões estratégicas, permitindo consolidar visualmente informações que antes costumam estar desconexas nos planos de negócio, e focando os tomadores de decisão em torno de aspectos relevantes da estratégia.

A execução da estratégia tem enveredado por caminhos diversos como estrutura e cultura organizacional, municiando os gestores com modelos e práticas que auxiliam na gestão destes aspectos que até então careciam de técnicas gerenciais. A Harvard Business Review costuma abordar bastante o tema, vale dar uma olhada.

Por fim, para lidar com novas tendências e mudanças no cenário, a maioria das publicações se concentram nas áreas de gestão da inovação e inteligência competitiva. Sugiro, para alguém que está explorando inicialmente o tema, que leia o livro Lean Startup.

Ainda que esse novo paradigma tenha trazido novas ferramentas para o trabalho do estrategista, a formulação de uma boa estratégia ainda é algo que depende de aspectos intangíveis do perfil do gestor, como cultura e visão de mundo, habilidade humana, inteligência emocional e experiência. Nesse sentido, podemos entender a formulação da estratégia como uma arte, em que a técnica ajuda, mas que depende necessariamente do talento do artista.

Por Vinicius Castro – facilitador e estrategista

Conheça mais sobre o Programa de Planejamento e Implementação da Estratégia VT – com depoimentos de clientes. 

Compartilhe