De uns tempos para cá ando cercada de borboletas. Ou elas aparecem dentro da sala, ou estão nas flores da casa da mãe, ou na tatuagem de alguém. Para mim tudo é um sinal de alguma coisa.
Vivo procurando nessas coincidências algum significado para a minha evolução. Na prática eu procuro sair do comum. Se a gente fala de borboletas logo remete para a história do casulo, ao fato de que tudo tem um tempo e que não podemos romper com o ciclo da evolução das coisas.
Faz e sempre fará sentido. Depois pensei também em meu nome e o seu significado. Sempre incentivo essa pesquisa. Não parece a nós que nosso nome representa a primeira dica da nossa missão aqui? Vanessa significa borboletas. De fato poderia ser uma busca pela minha identidade essa borboletada toda em meu redor. E isso, de buscar minha identidade também sempre fez sentido. Mas não era somente isso.
Minha gravidez revelou um lado rabugento que eu não conhecia. Acho que fiquei carente e queria um olhar de “nossa! você está dando conta de tanta coisa” – daí quando não sentia esse reconhecimento ficava meio esquisita. Logo que notei esse traço já fui logo procurando uma terapia extra – porque queria aumentar as chances de viver uma maternidade sem as sombras clássicas do processo. E não queria ser uma mãe que reclama das coisas – ao contrário.
Com as borboletas veio também uma necessidade de colocar cor em tudo. Eu precisava ver rosa, azul, amarelo, verde. Acabei optando por uma abordagem de terapia voltada para arte, para ver se encontrava explicação ou lógica que acomodasse cor e borboletas em mim.
Ricardo e eu, a partir disso, bolamos um plano infalível de positividade. Definimos que nós falaríamos das coisas sempre olhando com humor e de tudo tiraríamos aprendizados e maior união. Reclamação, nem pensar. Quando o cansaço batesse e o outro perguntasse: “Está cansada?” A resposta seria: “Nunca tive tanta energia. Estou ótima!”. E não é que está dando muito certo?!
No último Dia dos Namorados fomos a um hotel aqui pertinho. Nossa ideia era passar uns dias bem juntinhos, namorar bastante, e curtir os últimos dias do barrigão de 8 meses da época. Batemos foto, fomos na piscina, jantamos juntos e caminhamos bastante. Estava frio mas tomei um banho na pequena cachoeira do hotel, gelada(!) mas com aquela conexão com a natureza que só banhos de cachoeira promovem. Eu tinha que aproveitar. No caminho para a cachoeira uma surpresa: placas espalhadas por todos os lados reuniam informações sobre, adivinha? Borboletas!
Uma delas explicava que quanto mais coloridas são as borboletas, mais são venenosas. As cores ajudam na sobrevivência. As asas coloridas atraem parceiros – daí novas borboletinhas borboletearão e as manchas ajudam atuando como esconderijo ou para assustar predadores – que já sabem que determinadas borboletas alimentam-se de uma planta venenosa que as confere esse poder.
Fiquei com isso na cabeça, pensando no que esse veneno poderia representar. Cor sempre representará vibração positiva e é inevitável a história de que borboletas representam transformações. Depois de uma fase de luto longa – em que vibrei nas minhas sombras nada coloridas e com a saudade sempre perene do meu irmão, acabei por entender com algum custo, que era hora de encerrar meus aprendizados com a tristeza e me transformar a partir das cores da alegria e da positividade – e que só elas seriam capazes de espantar meu mau humor ou cansaço, e permitir que eu descobrisse que é possível também expandir-se pela graça de viver a vida. Quanto maior a alegria, mais alto e longo será o nosso voo. Estamos cansados? Não! Estamos ótimos!
Beijos people!